Milagre
Quem mudou o prumo
da minha existência tranquila
e conduziu para além das minhas flores,
as asas de borboletas atarantadas
em perfumado arrebatamento?
Quem afastou para longe a escuridão
e principiou girassóis,
intumescendo os dias em bolinhas de sabão?
Quem desmanchou o cárcere
e desprendeu de mim,
todos os movimentos aprisionados,
as imperfeições, as faltas da triste poesia
que espantava os jardins?
Foi o amor que trouxe as chaves,
abriu todas as trancas e desatou-me do cativeiro,
com a tranquila convicção de quem deseja.
Foi o meu amor, para quem até as flores,
que eram minhas, vão em perfumado alívio,
em procura do encanto dos dias.