Meu mar iluminado

Nascida do fundo da terra, uma gota entre outras,

A luz do sol quis beijar, Seu corpo de menina foi crescendo,

Ganhando porte de senhora, que em rio se haveria de tornar.

Andou lento, saboreando cada paisagem, Que seus olhos teimavam tragar,

Brincou com os dias, sonhou junto com as noites,

Que um dia um amor imenso, Haveria de alcançar.

Na sua longa viagem, encontrou mendigos e senhores de tantos pedaços,

A todos entregou pedaços de si, toda inteira sem cobranças, matou sedes, lavou lágrimas,

Pedindo as margens suas companheiras, que a guiem até à sua foz.

Esgotada, mas feliz, levando consigo areias, choros de montanha,

Entregou finalmente seu corpo inteiro, a esse imenso mar sem termo,

Generoso e por vezes tão revoltoso, e ai então bem alto clamou.

Oh! Mar imenso, na tua profundidade escura

Existem corações mais iluminados, Que alguns que tu teimas em alimentar.

Apaixonada pela sua imensidão, suplicando a Deus em oração

Com a lua por testemunha, Faz de mim, vida ou morte,

Testemunho ou sorte, mas não leves de mim, este imenso mar iluminado.

Oh! Mar imenso, na tua profundidade escura

Existem corações mais iluminados, Que alguns que tu teimas em alimentar.

Eduardo Jorge 23 de Fevereiro de 2007