Quando se ama só...
Amanheci pensando que era amor
E em nada mais eu me dava conta de que pudesse não ser...
Amei em silêncio, dias e noites e
Me propunha a um pacto...
Se realmente fosse amor, que Deus colocasse um dedo!
Estranho, mas relevante...
Não pensei que Deus, a esta altura do padecer de sentimentos,
Virasse-me as costas...
E percebi que, cada segundo a mais, Deus não colocava um dedo sequer
Mas teimosa e subversiva, continuei amando sem proposições nem lógica...
Algo dentro de mim sabia que não duraria tal intento...
A imaturidade de amores que chegam cegos e profanos
Já decrépitos, mesmo ainda sendo jovens...
Mas o amor corroia meu coração e embrutecia os meus dias e a minh’alma
Percebia, percebiam... todos, que não era amor, era uma doença desejada...
Amores doentios e seus pesares tão tardiamente pesarosos...
Um brinquedo que a criança excita-se no primeiro dia e depois esquece num canto...
E inda, um pouquinho do que restou, eu teimava em chamar de amor...
Os amigos diziam, os inimigos bradavam
“Não, não é amor”
Porque para amar
Ou ama-te a ti mesmo
Ou dois corpos, mútuos, segregam a dádiva...
No meu caso, descobri,
(Fingindo que já não sabia desde o início):
Amei sozinha o tempo inteiro
e amando-se só, nunca pode ser realmente amor...
Revelei-me, frente ao espelho, e propus outro pacto:
De hoje em diante, se me amam ou se não me amam
EU ME AMAREI acima de tudo
E com isto posso conquistar o mundo e quantos amores (verdadeiros) vierem!
Não com um dedo de Deus,
mas nas palmas de Suas mãos!