Quando se ama só...

Amanheci pensando que era amor

E em nada mais eu me dava conta de que pudesse não ser...

Amei em silêncio, dias e noites e

Me propunha a um pacto...

Se realmente fosse amor, que Deus colocasse um dedo!

Estranho, mas relevante...

Não pensei que Deus, a esta altura do padecer de sentimentos,

Virasse-me as costas...

E percebi que, cada segundo a mais, Deus não colocava um dedo sequer

Mas teimosa e subversiva, continuei amando sem proposições nem lógica...

Algo dentro de mim sabia que não duraria tal intento...

A imaturidade de amores que chegam cegos e profanos

Já decrépitos, mesmo ainda sendo jovens...

Mas o amor corroia meu coração e embrutecia os meus dias e a minh’alma

Percebia, percebiam... todos, que não era amor, era uma doença desejada...

Amores doentios e seus pesares tão tardiamente pesarosos...

Um brinquedo que a criança excita-se no primeiro dia e depois esquece num canto...

E inda, um pouquinho do que restou, eu teimava em chamar de amor...

Os amigos diziam, os inimigos bradavam

“Não, não é amor”

Porque para amar

Ou ama-te a ti mesmo

Ou dois corpos, mútuos, segregam a dádiva...

No meu caso, descobri,

(Fingindo que já não sabia desde o início):

Amei sozinha o tempo inteiro

e amando-se só, nunca pode ser realmente amor...

Revelei-me, frente ao espelho, e propus outro pacto:

De hoje em diante, se me amam ou se não me amam

EU ME AMAREI acima de tudo

E com isto posso conquistar o mundo e quantos amores (verdadeiros) vierem!

Não com um dedo de Deus,

mas nas palmas de Suas mãos!

Anna Beatriz Figueiredo
Enviado por Anna Beatriz Figueiredo em 24/09/2012
Código do texto: T3899454
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