NÃO ADIANTA
Agora não adianta lastimar,
não adianta chorar ou sentar na
beira da estrada aguardando e alimentando
a esperança para que aconteça algo venturoso.
De nada adianta idealizar uma fuga,
nem se esconder nos esconderijos
do fim do mundo, de nada adiantará
o sol continuará a brilhar...
Convém sim enfrentar o que aparecer,
tentar reconstruir o que foi destruído,
recolher as pétalas das flores pisoteadas
por nossas desmedidas incoerências.
Não, não adianta mais tentar reapossar-se
do que acabou, do que não mais existe, convinha que
abraçássemos a realidade que nos envolve
e safássemos para algum lugar desconhecido.
Quem sabe encontrássemos um recomeçar
de vida sem que nos entregássemos aos
deméritos próprios, quem sabe não mais ouvíssemos aqueles severos estalos produzidos pelo sôfrego látego.
Decididamente não adianta tentar criar
asas para deslizar no infinito que perdemos, e se
assim procedermos estaremos arriscando provocar novamente o pranto lento em fio...