Mentiras
Acreditei tanto que ao seu lado
aprendi tudo ao contrário do que
sempre ministrou um verdadeiro afeto.
Possuí um coração fechado, ao invés
de aberto. Chorei quando todo o meu ser
desejava sorrir, me escondi quando
minha alma almejava viver livre.
Aprendi que o básico da afetividade
tem que ser frio, que existem momentos
adequados para dizer que ama.
Durante o aprendizado, observei
que a manifestação espontânea é um ato
que sempre causa tédio.
Que os jardins são meras fantasias,
suas flores são recheios prosaicos e
vulgares, inexistindo o perfume
fascinante de cada espécie.
Aprendi que todas as coisas que
pertencem ao passado fazem parte
do presente, mesmo quando se trata de
inesquecíveis açoites.
Mentiras de quem não conhece um autêntico
sentimento. Mas agora, absolvido de tantas tolices
vou recuperar o tempo perdido, vou expandir o que
trago no coração com a mesma força que existe
quando o vento expande a vela de uma embarcação.