Céu e Inferno
Em algum lugar do peito teu
esconde-se um céu turquesa,
cuja luz reflete o teu querer,
molha os teus lábios, arde em ti...
a mesma ardência constante que me banha
e assanha os anjos, inspira-os a tocar alaúdes,
tocam para o nosso amor, por seus lindos olhos,
esses que me fazem chorar em noites frias...
ah amor... não tenhas medo desse sentimento,
o teu sorriso reverbera, não permitirá a dor nos alcançar,
não deixes que as lágrimas nos impeçam,
não fiques na soleira de ti olhando a vida passar,
apenas no calor dos teus braços vejo meu futuro,
onde morro nos lábios teus, nas águas de tua pele,
e nem me atrevo a fugir dessa morte,
posto que em ti que almejo morrer,
enlaçada no fremir que tua presença me causa,
estremecida por apenas pronunciar meu nome
não vês quão sagrado és-me?
mergulho em saudade, soluço tua ausência,
nem mesmo vislumbrar a lua co'os braços vazios
e todo castigo de não viver o teu viver em mim,
nos lençóis do desejo, fazem-me querer-te menos...
ainda qu'eu sangre cada letra, cada verso d'meu poema,
abraço esse triste fado, posto que fora escrito na tua palma
que bastar-me-ia apenas viver no teu enleio,
e que entre o nosso céu e o nosso inferno
iríamos sempre nos encontrar, bem no meio.
Denise Matos