Carta ao Príncipe Maltrapilho

Resposta ao poema "Maltrapilho"

Não te culpes, oh meu filho

Pelo que já desculpei.

Não se intitule maltrapilho

Se suas vestes eu troquei.

De todas as ofertas que tens

Dê-me apenas o teu coração.

As tuas feridas eu sararei,

E adormecerei tua aflição.

Filho, filho querido...

Quantos dias passados,

Quantas noites obscuras,

Quantos passos vagos,

Quantas lágrimas de amargura...

Mas eis aqui as tuas vestes,

Para cobrir a tua vergonha.

Eu ouvi a tua receiosa prece,

Clamando por misericórdia.

Eu te digo:

Restauro tua identidade,

Não és pródigo, nem maltrapilho.

Hoje e na eternidade

Chamo-te de meu filho.

Levei sobre mim o teu fardo,

O teu castigo eu suportei,

Provei do cálice amargo

E teus pecados eu perdoei.

Mas o trabalho consumado

Não haveria de ser em vão.

Me sinto recompensado

Ao ver a tua redenção.

Eu te amo, não pelo que fazes,

Ou pelo que deixas de fazer.

Amo-te simplesmente...

Antes mesmo de saberes.

E isso não se explica, nem se entende...

Pois a graça a qualquer razão transcende.

Escorre dos olhos, mas não do pensamento.

Confunde os homens,mas não o tempo.

E se algum dia a graça entenderes

Descobrirás então o que é o amor

Que vai além dos bem-quereres...

Antes, é doar-se pelo traidor.

Karoline Correia
Enviado por Karoline Correia em 23/09/2012
Reeditado em 27/09/2012
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