Ladrão de Rosas
Num tempo incerto entre a certeza e a lembrança,
a história cresce mais que o personagem e torna-se
lenda. Num lugar em que flores são sagradas e onde
o amor é reprimido, um homem ergue-se do anonimato
e ousa apaixonar-se.
Tentou fugir daquele sorriso... doce ilusão;
Caminhou pela praia tentando lembrar e escreveu o nome
dela na areia com as conchas do mar;
Pensou então em trocar cada estrela por um beijo, mas
há tão poucas estrelas no céu...
Foi então que ele a viu... tão linda num jardim, brincando
entre os pássaros e imaginou vê-la sorrir; e foi se aproximando
meio sem querer, quase querendo voltar e , num impulso insano,
colheu a rosa nas mãos e correu ao encontro de um sonho.
E o sonho lhe sorriu, com o mesmo sorriso, da rosa que colheu.
E de homem apaixonado tornou-se vilão, criminoso procurado e,
cego de amor, facilmente encontrado.
Preso, enclausurado, põe-se a chorar, não por arrepender-se,
mas por não poder sonhar.
Sujeito de pouca sorte, julgado é condenado, a morrer por ter amado.
Mas um exército de amantes põe-se a protestar:
“Morrer por uma rosa? Nem pensar!”
E o amor crescia mais:
“O amor vale mais, muito mais que uma rosa roubada”
E o tempo parou pra olhar a luta de um homem ao direito de amar.
A lei é logo desfeita e a sentença também é refeita:
“Por uma rosa roubada, não devem os homens morrerem
e sim plantar mil roseiras, pra novas rosas nascerem”.