Você...
Em mais um amanhecer de lua
espectro encarando a realidade do
meu desejo, caos de sentimentos encarnado
na promessa do futuro perfeito.
Você, perfeito, na masculinidade bruta
de um sorriso infantil
o vulto que desperta ciúmes alheios
o surto que funde minha lucidez
estranho exílio de nobres purezas
percorrendo comigo nos antigos trilhos
das incertezas;
Você... Martírio sutil de acontecimentos
um céu de infinito engarrafamento
no encontro desmarcado da aurora
orvalho em flor,
rejuvenescer de timidez
basta um corte inaudível na pele
isso para sobressaltar teu beijo.
Você, no festejar pulsante de fim de ano
sem a melancolia das luzes acesas.
Um rio carregado, sem porém,
mergulhar tristezas;
Autenticidade dos alvoroços passageiros
mel da minha dor, dúvida dos meus segredos
olhos de amendoim
tocando no porvir, desarma –me a bruxaria
no embriagante trago de curandeiro;
Você! Cálice levemente febril
pecado fatal das mais escondidas angústias
em meu doce reino de sal
as mil e uma noites
apenas nós e todo o resto de nada
sem pronunciar palavras
permitindo-nos o deleite da contemplação.