Palavras
Sopra o vento, ruge o trovão
Vejo-me só na tempestade
Procurando em solidão
Quem me dê a liberdade
Chamam-me de poeta
E isso muito me diz
Poeta não quero ser
Pois nenhum poeta é feliz
Por onde anda a felicidade?
Em que esquina se escondeu?
Se não vens me procurar,
Quem te procura sou eu!
A luz de um raio, tudo ilumina
E o que vejo me tira a fala,
Mulher, anjo, menina
Princesa de nome Carla
Tento de amor lhe falar
Mas palavras não encontro
Ah! sílabas malditas,
Aonde foram parar?
Teriam me abandonado
Em momento tão crucial
Deixando-me mudo e acanhado
Sem fala, como um animal?
Num último fio de esperança
Vou fundo no coração
Ah! coração de criança
As palavras aqui estão
Contente e sem perda de tempo
Apanho as danadinhas
E antes que escapem ao vento
Coloco-as nestas linhas:
“Você é o ar que respiro,
Minha razão de viver,
Por mim é a mais amada
O que me leva a dizer:
Dizer sob a lua prateada
que em você eu sempre pensei
Pensei ser minha namorada
A namorada que sonhei...”
Pra meu desespero, ela nada diz
Não aceita meu amor por escrito;
E para aprender a falar,
Preciso encontrar um perito
Sopra o vento; um novo trovão
Outra vez na tempestade,
Procurando em solidão
Palavras de liberdade