Rebelião de Sentimentos

A guerra estava hostilmente declarada

Numa arena de amplo campo de batalha,

Contrastes no perfil de dois lados de uma navalha

Em que apenas um empunhava perigosa espada.

O Mal era acintosamente liderado pelo Ódio

Que manipulava adjacentes sentimentos com Rancor;

Era seu ideal destroçar o Bem, aprisionar o Amor

E, assim, estabelecer entre os inimigos o divórcio.

Nada poderia diluir tão ardilosos planos

Adredemente configurados ao longo do tempo,

Instante sonhado pelo devaneio do suprimento

De criaturas desterradas por insensíveis desenganos.

Ao som dos clarins inicia-se a aventura

E o Orgulho ultrapassa a linha demarcatória de combate,

A Vaidade singra pelos ares o espaço com seus confrades,

Mas o inimigo está em festa e indiferente à luta.

Não havia armas em mãos dos opositores,

Só a palavra que edifica o testemunho da fé,

Sobre soberba nave a Esperança mantinha a todos de pé

E o perdão era o conchavo para os contraventores.

O Mal perdeu forças ante o juramento da Humildade

Que em intensa rogativa pedia pelos deserdados,

Justiça e Liberdade cada qual por seu lado

Reiteravam que os malefícios da vida precisam da Solidariedade.

“É dessa forma que estão preparados para a guerra?”

Desabafou ironicamente o incansável Ódio...

“Todos aqui e agora são prisioneiros do Ópio

E rendo homenagens à Covardia meliante em todas as esferas”.

O Ciúme e a Inveja tentaram ferir os adversários

E o Preconceito tudo vasculhou à procura do Amor...

A demente Vingança temia ver o ódio decompor

Cada sentimento e reconstituí-los de modo arbitrário...

Percebe-se que no Mal a ditadura é inconstante,

Não há um comando que implante real respeito,

O que se Vê é a Falsidade impondo despeito,

Por isso a Ambição deteriora-se a cada instante.

O Carinho com o apoio da Ternura pediu a palavra

E propôs ao ódio o desligamento das armas,

Disse-lhe que nunca encontrariam o Amor numa farda,

Pois que estava fora do alcance de qualquer camarada.

Em sua ignorância o Ódio irritou-se profundamente

E incitou seus congêneres à morte de todo o Bem,

Ali estavam entregues à própria sorte e sem ninguém,

A mercê de um final trágico e impenitente.

De repente o som de uma trombeta provocou silêncio

E espessa chuva se espalhou pelos campos,

As armas despencaram de todos os cantos

E o sol aqueceu a terra úmida num nobre incêndio...

Foi a Esperança que trouxe o recado aos adjuntos,

Informou que o Amor não tem existência solitária,

Está na Saudade, na Solidão, em todos de maneira igualitária

Formando do Todo um só Conjunto!

Ivan Melo
Enviado por Ivan Melo em 16/09/2012
Código do texto: T3885102
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