LENDA

Súbito,

no caminho desaparecem as pedras

e o caos torna-se um santo

com a camiseta guerrilheira da canção da moda

Maçons compram sorvetes em baldes de menta,

quando o armário é aberto um anjo pendurado

no cabide avacalha o álbum da família

com os dentes podres dos pedidos safadralhos,

a procura encerra na feira,

cabeças degoladas junto a bananas e repolhos

e muito sangue de graça,

porque a moral é a mulher que anseia masculinidades

maldizendo o sangue

Quando o touro cobre a fêmea

nenhuma indefinição disfarça a marginalidade

O bombom que dou na sua boca com tanta doçura tem o meu sêmen

porque o insuportável vive nas vinte e quatro horas farpadas,

e o seu amor é o único pomar em que posso deitar a intensidade das taras

sem escandalizar a permissiva aposentadoria dos sargentos de fanfarra,

é no seu corpo que eu busco a tirania suprema

enquanto mil luas na penumbra despencam nos matagais,

e o sexo curandeiro

que me lava as feridas da alma

chega no sorriso rebelde

que no seu caso

define minha rendição

apaixonada,

aonde sopram ventos cheios de imagens sentidas

o meu coração é a catedral barroca

da sua lenda