ÊXTASE ÀS AVESSAS
De tanto debater-me nas armadilhas da vida,
De tanto embaraçar-me nas teias do meu destino,
De tanto adentra-me, quando buscava a saída,
Vi-me envolvido com coisas que eu não desejei...
Situações que jamais imaginei...
Desafortunadamente sofrendo ingratidão que eu não mereci!
Deixei-me levar por sentimentos puros,vivi uma vida utópica que nunca existiu. Daí, o pior me aconteceu: ali estava eu, consumido por sentimentos mesquinhos, intenções cruéis, que deixaram-me sem defesa e impotente, como que tragado por um lamaçal de areia movediça...
Tantas foram as tentativas de ser compreendido, quantas as rejeições e o descaso aos meus gestos !
As minhas boas intenções, nunca passaram de mais uma tentativa inútil, de reconciliação com o mundo !
Hoje, já cansado, debilitado e amargamente vencido, digo um basta a tudo...
Tudo o que falei e não fui ouvido, tudo o que questionei e não fui compreendido...
Ao nada que conquistei, por que não deixaram-me conquistar!
Inconscientemente, digo sim, ao ódio que hoje sinto, por que não me deixaram amar!
O “EU” interior que nasceu comigo, já não existe, ou mataram, ou abandonou o meu coração... Sinto que o espírito que vive em mim, não é mais o que nasceu comigo!
Os meus sonhos, minhas buscas, minhas aspirações, já não são regidos por um espírito do bem... Daquilo que fui, restou este corpo, mera carcaça, igual a tantas outras existentes por aí !
Habita em mim, um outro espírito, um outro sentimento...
Temo agora, pelas novas ordens desse outro espírito... Só sei dizer, que há algum tempo, tenho notado atitudes estranhas em mim, bem diferentes de quando eu buscava amor, compreensão, carinho e todas essas essências próprias de um espírito do bem!
Esse ser que habitava em mim, sinto haver sido expulso do meu interior...
Desespero-me ao saber, que foi removido de dentro de mim, todos os bons sentimentos existentes... Em seu lugar, existem agora sentimentos de dor, revolta, desilusões e muito sofrimento!
No êxtase da angústia e agonia por tudo de ruim que se abateu sobre mim, eu sinto vez por outra, o meu peito como que se abrindo e escapando de dentro do coração tudo de bom que ele continha... Ao mesmo tempo, em que o seu interior, é preenchido por sentimentos maus, que me sufocam e queimam as minhas entranhas!
Agora, não há mais dúvidas... Sou um ser transformado, mesquinho e revoltado com tudo e com todos!
Eu sou a metamorfose do bem pelo mal! de mim, não poderá sair nada benéfico!
Assim, quis o meu destino.. De um ser cheio de esperanças, projetos e buscas, querendo dar e receber tanto amor, restou-me um mero corpo, vil e mortal, em cujo interior, abriga um espírito frio, cruel e revoltado, capaz das maiores crueldades!
Vida sem sentido, Nada construído, Tudo perdido...
Que pena !!!
Poeta J. Pinheiro
Do seu Livro "Meus versos, minha vida"