AMOR DE SALVAÇÃO
Adoro-te como a luz que as asas inflamam
Cada curva em teu dorso mimoso me inflama
Amo-te e te quero como
Um Cristo quer a via crucis
Para ir de encontro à luz
Pra que seja cumprida sua escritura
Tu és minha cruz
Carregar-te-ei
Pela eternidade
Sofrerei por minhas pegadas
Superarei-me
Por meus tropeços
Mais te amo
Por nós dois
Mesmo pelo lado do avesso
Nosso amor
É seca no sertão
É uma espécie de inferno
É escadaria sem perdão
É coração partido
Altiva seja minha vergonha
Diante de tua alma como um corpo
Bem feito torneado de cadeiras arredondadas
E eu pisei na bola
O tempo é o nosso firmamento
Nada mais me resta
Se não me amar aquilo que me esfola
Minha vida sem ti é minha degola
Estou sem o ar que respiro
A morte é uma saída
Repetirei por anos luz
Pra rever teus olhos
Que me seduziram
Como a sílfide nua
Que se insinua
Sem sequer saber que eras minha
Mais que a Amazônia
De minha vã e tresloucada tapuia
Estagnada em minha água lacrimosa
Morrendo soturnamente
Dormente e vociferadamente crua
No lago de minha régia vitoria
Que se abre sem o fascínio da lua....