AMOR DE SALVAÇÃO

Adoro-te como a luz que as asas inflamam

Cada curva em teu dorso mimoso me inflama

Amo-te e te quero como

Um Cristo quer a via crucis

Para ir de encontro à luz

Pra que seja cumprida sua escritura

Tu és minha cruz

Carregar-te-ei

Pela eternidade

Sofrerei por minhas pegadas

Superarei-me

Por meus tropeços

Mais te amo

Por nós dois

Mesmo pelo lado do avesso

Nosso amor

É seca no sertão

É uma espécie de inferno

É escadaria sem perdão

É coração partido

Altiva seja minha vergonha

Diante de tua alma como um corpo

Bem feito torneado de cadeiras arredondadas

E eu pisei na bola

O tempo é o nosso firmamento

Nada mais me resta

Se não me amar aquilo que me esfola

Minha vida sem ti é minha degola

Estou sem o ar que respiro

A morte é uma saída

Repetirei por anos luz

Pra rever teus olhos

Que me seduziram

Como a sílfide nua

Que se insinua

Sem sequer saber que eras minha

Mais que a Amazônia

De minha vã e tresloucada tapuia

Estagnada em minha água lacrimosa

Morrendo soturnamente

Dormente e vociferadamente crua

No lago de minha régia vitoria

Que se abre sem o fascínio da lua....

Jasper Carvalho
Enviado por Jasper Carvalho em 12/09/2012
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