UM PONTO SÓ
Hoje todas as minhas noites
Gastas em sonhos que de ti falam
Vejo-te nas estrelas do céu, na estrela Dalva
As brisas que por mim passam, teu nome a sussurrar
E levam até os beijos que nelas depositei
Quando a ti chegaram, ergui-me nos pernoites
Realizávamos os mais estonteantes atos de amor
Pela alvorada dos peregrinos ouvia-se a cantar
Canções passionais, que ao sentir a nossa paixão
Transformam suas notas em sonata ao luar
E assim nos tocamos
Você deseja meus lábios carmins e carnudos
Os beijando faminto, junto à minha entrega e querer
Despudoradamente feito o sol no poente
Que toca entre serras a tarde dormente
Como o cantar dos pássaros e o vôo do bem-te-vi
Apaixonados, rolamos na relva
Corpos perfumosos de paixão e prazer
Com cheiro de mil jasmins
E o perfume de rosas vermelhas
Traz o êxtase desse ato de desejo
Beijamos e nos amamos com ternura e sofreguidão
Feito a lua debruçada no ar
Corpos que se entregam com toda amplidão
Amantes da escuridão
Como o vento que beija as flores perdidas
Tu devassas, amante das ilhas, das trilhas
Meus cabelos desalinham
Corpos desnudos, tocamo-nos
Feito um rio que manso beija as encostas
No amar mais lindo que possa, feita a calmaria dos lagos
A mansidão das planícies, a noite mais linda que o viste
Até que o clímax nos realiza
Passos lentos foram os nossos
Não queríamos brincar com o destino
Sabíamos que ele viria
Passávamos devagar, como se fosse sem coragem
Até concluir que tudo já está escrito
Então vamos felizes fazer uma viagem juntos
Porque parar?
A tua sombra recortou no meu chão
Alongou-se em forma, tempo e decisão
Ganhou corpo, ganhou voz
E desde então...
Aguardamos o momento
Em que o sol, a pino, sobre nós
Reduza a nossa sombra a um ponto
Porque tão certo e estreito foi o nosso encontro
Que a nossa sombra será sempre a de um ponto só