NO CAMINHO ENTRE O QUARTO E O ESPELHO DO BANHEIRO

Hoje, releio o que eu escrevi no passado.

Tento calcular o tamanho do estrago

E nesse mural de angústias que construí em meu quarto

Percebo a total insanidade dos meus pensamentos.

Hoje, somente por hoje.

Não procurarei a mesma solução etílica,

Contentei-me em manter as mesmas mentiras,

Mentiras na qual eu nunca acreditei, mas com elas me reinventei.

Hoje, me olho nesse espelho rachado...

Posso ver a idade se fundindo com acerbidade.

E graças às mentiras sinceras,

Acho em meio à terra uma fresta por onde posso respirar

Manter-me vivo.

Ao menos por ora, não pensar...

Hoje, quem me faz par na valsa não é mais a saudade,

É esse pequeno resquício de lucidez

E nele me algemo mais uma vez

Com a esperança de que a tempestade de outrora

Não o faça ir embora.

Hoje, sou o resumo das noites de café forte.

Da felicidade atirada à sorte

Dos momentos na linha tênue

Entre a vida e a morte.

Diisilva
Enviado por Diisilva em 12/09/2012
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