DESERTO
Levar-te-ia através do deserto
buscando desvendar mistérios escondidos sob o chão.
Quando o sol reverberasse sobre as areias escaldantes
e quando a noite profunda gelasse o ar,
sentar-me-ia a teu lado
e contar-te-ia, em voz baixa, segredos
que adormecessem os teus medos e te fizessem despertar.
Falar-te-ia dos pescadores de pérolas do Ceilão;
de vulcões submersos, que agitam o fundo dos mares;
de bandos de aves, vindas de estranhos lugares
e de homens que deram suas vidas por um sonho.
Revelaria minhas dúvidas,
confessaria pecados,
inventaria inimaginados sons
e a ti confiaria uma rara descoberta que fiz.
Tu estarias sempre contente,
caminharias lentamente durante o entardecer.
Sorririas da minha ingenuidade,
dirias que sou tola e crédula,
que não estou pronta para o mundo
e o mundo não está pronto para mim.
Tu beijarias os meus olhos
e eu, eu beijaria as tuas mãos.