Velho-novo
Tanto tivera pelo Amor desprezo,
que hoje por Ele tendo tanto zelo
Possa somente ao longe avista-lo
Como se Ele fosse de um anjo o halo,
e minhas mãos impuras um tridente!
Tanto sim tornei em negativas,
Tanto fiei-me pela liberdade
Enredou-me os doces cantos da Vaidade.
Pensara eu ter todas as chaves,
fechei-me no porão
(das sensuais apelativas!)
Banalizado ontem,sorria,
Portando o tempo como mercadoria.
Imperecível o julgava, e as horas passando,
São comerciantes de contrabando,
Cobrando-me os minutos que vendi.
Velho, eu e esta cadeira de balanço;
O que vivi, o que deixei
Sou velho aos vinte e sete anos,
E porque morro é que me canso,
De morrer amores que não vivenciei.