Velho-novo

Tanto tivera pelo Amor desprezo,

que hoje por Ele tendo tanto zelo

Possa somente ao longe avista-lo

Como se Ele fosse de um anjo o halo,

e minhas mãos impuras um tridente!

Tanto sim tornei em negativas,

Tanto fiei-me pela liberdade

Enredou-me os doces cantos da Vaidade.

Pensara eu ter todas as chaves,

fechei-me no porão

(das sensuais apelativas!)

Banalizado ontem,sorria,

Portando o tempo como mercadoria.

Imperecível o julgava, e as horas passando,

São comerciantes de contrabando,

Cobrando-me os minutos que vendi.

Velho, eu e esta cadeira de balanço;

O que vivi, o que deixei

Sou velho aos vinte e sete anos,

E porque morro é que me canso,

De morrer amores que não vivenciei.

Wellington Berdusco
Enviado por Wellington Berdusco em 10/09/2012
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