Inverno de Sentimentos
Espreito dias e noites, como um sonâmbulo inquieto,
Sabendo que minha paz só terá lugar no acolher de seus braços,
Nenhum outro paliativo solucionará minha insatisfação com os dias,
Nenhuma oração ou mantra acalmará meu espírito revoltoso,
Estou como o ruído de uma tempestade que se anuncia num céu azul,
Levantando as folhas das árvores caídas no chão nesse inverno de sentimentos,
Orgulho e dor misturam-se num contínuo de emoções confusas e turbulentas,
Agonia que se prolonga no apito do trem de ferro na estação de passageiros,
Esperando encontrar seu rosto entre a multidão que chega de longas viagens,
Desejando embarcar rumo ao norte de uma vida nova onde possa deixar o passado,
Pintando cores novas de uma aquarela de possibilidades diversas nessa tela em branco,
Ansiando ser outra pessoa libertando-me dessa gaiola invisível de regramentos...
Quebro esse jogo de espelhos que só reflete imagens distorcidas da realidade,
Em desespero tento fugir desse espetáculo circense que me aprisionou o imaginário,
Recuperando a sanidade que há muito teimava em me abandonar na estrada do engano,
Vislumbrando agora uma chance de mudar o destino criado por minha arrogância,
Esperando alcançar aquela asa delta colorida perto da colina e voar com os pássaros,
Percorrendo as nuvens tendo como companhia a liberdade do vento em meu rosto,
Espantando de vez essa solidão que me consome como o fogo o faz com a madeira,
Dirigindo-me pelo sol poente ao único lar ao qual pertenço: seu sorriso amado,
Torcendo para ainda encontrar o perdão em seus olhos que há muito choraram por mim,
Resgatando um tempo que jamais deveria ter deixado congelar nossas vidas de ontem,
Quando a cada abraço todos os problemas pareciam tão ínfimos e solucionáveis,
Como se a cada momento ao seu lado a natureza me concedesse a energia dos riachos,
Fazendo correr em minhas veias a vontade de ser alguém melhor por você e para você...