Uma Musa

Sempre houve uma Musa apenas,

porque sempre se quis o Amor verdadeiro.

Desses, que permitem o silêncio

que tudo diz sobre o que não se fala.

Desses, em que o Desejo

é o orgasmo que se prolonga

pelas mãos que se dão

para o sono não afaste

as almas adormecidas.

Desses, que antecipam a madrugada

em que os versos são escritos

e nos quais se sabe que as Odisséias

são redivivas e a Poesia é possível.

Desses, em que se entende

o porquê de Odisseu tanto navegar

em busca de sua Penélope única;

sabia o herói

que ainda que o Mar

seja a liberdade

é doce o gosto de ficar,

pois o perfume da rosa

só há,

porque a raiz existe.

Desses, que um dia no calendário

é mais que uma marca.

É o signo do eterno recomeçar.

Para a Cris,

Digitado pela Taisinha.