CASTELO de GELO
Durmo um sonho do tamanho do espaço
no castelo de gelo do meu coração lunar
e o medo não passa de um urubu violento
- quando o cretino sorri estrelas afundam
aonde estava marcado o tempo de correr
ventos adquirem faces de índios velhos
e a rosa é uma fada milagrosamente devassa,
estou deserdado,
o amor me atira o riso do chacal,
a noite serve para que o moinho triture
as carnes apimentadas dos amantes sórdidos,
porque as mulheres prometeram os sexos
aos maridos na sacristia,
e nenhuma biga traz de volta o gladiador
Ouço os passos do vilão no corredor,
era para ser amor mas o verbo se foi,
sobrou no crepúsculo uma dança de jumentos
e de quarto crescentes gargalhantes,
quando voltar a sentir o que já foi puro em mim
a queda dirá a que veio,
pois o trovador desenlaça a rima
e os moradores da noite armam emboscadas
onde o mundo acaba na esquina