Daltonismo

Preso ao mundo em branco e preto

Flanava derrotado pela apatia

Olhava o mundo, atento, explorando

E nada! Nenhuma cor se destacava

Tornei-me indiferente, conformado.

Talvez fosse esse o meu destino

Viver por viver, sem cores, sobreviver

Quando, entregue, assentia o entediante do descolorido

Uma desconhecida sensação fulminou minha retina

Linda, extasiante, indecifrável, indefinida, incomparável

Viciante, fiz-me dependente

Os olhos já não piscam e o olhar não se perde

A imagem dominou-me e suas sensações escravizaram-me

Olhos misteriosos e mente perspicaz

pele branca e cabelos negros

branco e preto, o mesmo incolor

mas a retina só via cores, luz e cores! Milhões e milhões de cores

cores nunca dantes vistas, permitiram-se a mim

A razão, sem compreender, perdeu-se

O coração assumiu a tarefa

Não era mesmo racional, mas sentimental

Algo tão incompreensível, caótico, forte, poderoso e anárquico só o coração identifica

É amor!

Amor sublime, puro, raro, verdadeiro

Amor colorido, vivo, edificante

Como pode uma imagem causar tantas emoções?

Talvez pela pessoa através da imagem

Por ela ser as respostas às minhas indagações

O céu de meu inferno

A cura do meu daltonismo