AMOR CIGANO
Mas agora insiste você,
Quebrando minhas convicções,
Invadindo minha alma com sua força nefanda.
Aí vem você reinventando-se em gestos e apreços,
Buscando afetos que já desconheço.
Nesse seu ir e vir cigano sem raízes,
Vai enrodilhando, brincando com minha sorte.
Sem norte, se espraia em qualquer praia
Onde haja sol e brisa amena e água de coco.
Mas logo parte e quando volta,
Quando volta, depois de partir,
Vem com sua rede,
Com seus cabelos ao vento,
Seu caminhar envolvente,
Sua boca vermelha,
Seu olhar esgazeado,
Seu vigor de amazona e me abate
Quando me encontra, como sempre,
Cheio de rotina e quarto escuro,
Cheirando a fumo e indolência.