UMA CANÇÃO DE AMOR
De um sorriso
Nos lábios dela
Nasceu o primeiro som,
E o primeiro
Ajuntou-se a outros
Para se fazer canção.
E cantou!
Cantou nas ruas escuras,
Nas praças, nas esquinas,
Nas areias brancas
Dos límpidos riachos
Cantou as águas
Que o arrastaram
Sempre a navegar
Para cantar o encontro
Das águas do rio
Com as águas do mar.
E cantando seguiu adiante!
Atravessando oceanos
Quis encontrar
Em outros corações
Novos horizontes
Com harmoniosos tons
De outras canções.
E foi assim
Que tudo começou!
Mas quem poderia dizer
Os mistérios escondidos
Na alma de dois amantes?!
Quem poderia explicar
Essa incerta certeza
Que chega de mansinho
Para apagar o brilho
Do nosso olhar?!
Em vão lancei a semente!
Em vão semeei nosso chão!
Mas, se alguma delas
Chegou a brotar,
Não veio a florescer!
Apenas o ramo
De uma raquítica paixão
Sobre a rocha nasceu,
Para depois definhar
Secando até morrer!
Agora só o que resta
De nos três
São os versos
De um louco
Que pensou ser poeta.