Explicações na chuva
Estou debaixo da mesma chuva em que outrora estive: andando pela mesma rua e vendo as mesmas paisagens. Tenho a sensação de estar vivendo um Deja-vu.
Porém; não sou completamente levada por esta sensação: eu sei que desta vez é diferente. Não é a mesma chuva. Eu não sou a mesma. e minha companhia, também mudou.
Hoje, andar tranquilamente na chuva não é algo assim tão fácil (não quando você ainda se sente presa ao passado) e tentar viver "livre" desse passado também é difícil. Por mais que eu tente ficar indiferente á ele (e consiga, diga-se de passagem); qualquer mínimo detalhe faz vir á tona um jorro de imagens nítidas: A chuva, a rua; e o meu sorriso bobo (que naquela época teimava em ficar no meu rosto) e, claro: a pessoa ao meu lado. Fico imaginando se isso só acontece comigo: se as memórias antigas só se impõe á mim. "Então, foi unilateral?" costumo indagar; enquanto o vento frio de inverno me obriga a colocaras mãos nos bolsos do meu casaco á medida que ando. Em nenhum segundo tenho vontade de chorar: não há mais tristeza em mim, só resignação.
E o que eu sinto hoje; debaixo desta chuva, vendo a mesma paisagem, enquanto ando pela mesma rua com a solidão torturante; só prova o que sempre tive certeza:
"Há dois anos atrás; eu não era uma criança tola que brincava com os sentimentos alheios. Nunca fui o anjo insensível que não se sentia tocada pelos gestos que me foram dados. Eu era apenas uma garota, que tentava defender a melhor coisa que já tinha recebido; fazendo o possível para que minha felicidade não ofendesse ás pessoas incapazes de sentir o que eu sentia. Eu era somente alguém, que tentava desesperadamente mudar minha visão do futuro; que era exatamente o presente que vivo hoje. Mas fracassei em meu objetivo, e hoje estou aqui; teimando em mudar a ordem cronológica dos fatos; ansiando que meu passado fosse também meu presente"
E só.