Tumba da Insônia
Debaixo das negras sombras despertas,
Vejo-te enfim perdendo o viço,
Levando-me junto ao seio que apertas,
Com teu olhar fúnebre e mortiço
Deitado nesta cripta dentre as visões,
Percebo tua alma desfalecendo,
Beijando meus lábios em contrações,
Aos poucos ela vai padecendo
Entre seus negros cabelos que serpeiam
Como as serpentes africanas,
As sombras plácidas assim nos rodeiam,
Sob a luz pálida que emanas!
Lentamente tua consciência se desmaia
Entorpecida pela morte prematura,
Cubro-a com a pureza de uma cambraia,
Antes de velar-te ante a sepultura!
Não morra meu anjo que Deus a tenha,
Na terra com lágrimas de piedade,
Minha tristeza será uma besta ferrenha
Que me aniquilará em saudade!
Levante da morte que o espírito gela
Tua luz de existência cintila,
Toda essa dor ao peito triste refrigera
Erga-se do caixão vampira...