.:. Ex-amor .:.

.:.

Sinto-me um filme antigo.

É estranho...

Sou a tela e me materializo.

Ouço passos desgastados;

Passos distantes, afastados.

Eram pegadas tão intensas,

onde mais de um deambulava.

Hoje, são tênues marcas

esquecidas no calçadão ao lado.

Não há esquina.

As esquinas dobram e o curvar-se,

quando forte demais,

é humilhante.

Ao lado, de lado, era de ladinho...

Lembra?

De lado... Sinto-me assim.

Lado a lado com o meu paralelo

em caminhos que se cruzarão.

No infinito?

Mas a vida é finda e,

mais ainda,

cheia de variações.

Ontem sorríamos em uníssono.

Hoje eu sinto apenas o abismo

que você me deixou.

E se não sou o que fomos;

se não mais seremos o que deveríamos...

Por que essa sensação de vazio?

Há hiatos dentro da compressão?

Existem plasmas na solidez concreta?

Sou meu próprio medo;

minha própria digressão.

O que não quero ser, nunca,

é a completude dessa desilusão.

Se existem variações de fantasia,

que o meu filme, que a tela vazia,

Não me torne gélido e ímpio.

Não quero ser o algoz de ninguém,

nem hoje nem nunca.

Sou amor e amor é dádiva inexaurida,

mesmo quando se não tem alguém.

Crato-CE, 4 de dezembro de 2007.

14h54min

.:.

Nijair Araújo Pinto
Enviado por Nijair Araújo Pinto em 27/08/2012
Código do texto: T3851486
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.