UM




 

Improvisar paisagens dos cantos escuros,
reinventar a infância por detrás da noite.
E não é isso que fazemos todos?


A geometria nega o humano,
num beijo frio que chegou tarde.
É Bach ordenando o universo,
num solo de violino, num cravo desesperado.
Não convém a angústia em um cavalheiro,
nem de sua própria fúria fazer alarde.

Então é aqui que os anjos perdem as asas,
e onde os sábios vão para morrer.

Ouça o som desse trumpete flácido,
falsificando a partitura.
Qualquer abismo entende o grito,
mas só meu peito abarca sua dúvida,
e segue em frente, porque somos um,
desde que inventei o amor.

 

EDUARDO PAIXÃO
Enviado por EDUARDO PAIXÃO em 26/08/2012
Reeditado em 26/08/2012
Código do texto: T3850240
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