O ADVENTO
É fim de noite, a vida cala-se e vejo-te a renascer em mim
E o sim da liberdade tocou-me às asas com um beijo de um não
Para a ilusão de que me seja mais do que daninha esse alecrim
Para o jasmim que foi perfume vivo nas ilações da imaginação!
Eu vi recrudescer nas tintas da saudade o teu desenho
E cá não me contenho, dada a impossibilidade de meu silêncio
O vento, outrora lenço, agora estende-se qual mar no qual me embrenho
Onde possuo o que não tenho, no palco incendiado de meu pensamento!
Pois vi meu despontar no brilho ocasional de tal aparição
A revolucionar meu coração: um tal refém em céu já confinado
Esculturalmente trabalhado segundo as formas de tua feição
Um filho da fascinação, que por eterna paixão se viu gestado!
Que teve a sua história escrita desde quando suas linhas voaram
Nos rios que levaram um cálice de lágrimas em pétala de angustiada flor
Que ao mundo se apresentou quando em teus olhos anjos desfilaram
E que me inventaram no dia em que meu coração te achou!
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Reinaldo Ribeiro - O Poeta do Amor
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