Fantasmas dos olhos
Poetas vem
Poetas vão
Muitos não sabem
O que são
Nem onde estão
Desconhecem o chão onde pisam
Invadem o céu em pensamento
E se iludem facilmente
Enquanto são devorados
Por ervas daninhas
No meio das ferragens das estradas
Sangram como todos os animais
Enquanto o mundo racional
Apaga suas hesitantes pegadas
Poetas chegam
Poetas partem
Pouco deixam
Além de emoções e palavras
Flores que se abrem
E depois murcham
Mas jamais carecem
De sorrisos e lágrimas
Vão-se os corações flechados
Por armas de caça
Vão-se os primeiros amores
Feridos por balas perdidas
O último passo de um homem
Não importa a decisão
Ou a direção tomada
Sempre é um passo em falso
A megacidade esconde os destinos
Antropofágica e procrastinadora
Desmembra a todos
E cobre tudo de cinzas