Quando o amor te chamar segue-o

O Amor e o Erotismo na escrita dos melhores poetas do Séc.IV a.c. ao Séc.XX

Poesia romântica das épocas clássica e contemporânea de alguns dos melhores poetas de todos os tempos, resolvi publicar neste espaço um dos seus poemas que considero digno de ser divulgado. A leitura nos faz sonhar acordado...Cultura: muda o mundo! Boa Leitura.

Quando o amor te chamar segue-o,

embora os seus caminhos sejam duros e escarpados.

E quando as suas asas te envolverem entrega-te a ele,

ainda que a espada que se esconde entre as penas

das suas asas te possa ferir.

E quando ele te falar acredita,

embora a sua voz possa desmantelar os teus sonhos

tal como o vento norte devasta o jardim.

Porque mesmo quando te coroa, o amor crucifica-te.

Tal como te faz crescer, também está lá para te podar.

Tal como se eleva à tua altura e acaricia os teus ramos

mais tenros que estremecem ao sol,

também desce as tuas raízes para sacudi-las

onde elas se prendem à terra.

Como a feixes de trigo, aperta-te contra si

malha-te até te deixar despido.

Passa-te pela joeira para te libertar das cascas.

Mói-te até ficares branco.

Amassa-te até te conseguir dobrar;

e depois partilha contigo o seu fogo sagrado, para que

possas tornar-te pão sagrado para

sagrado banquete de Deus.

Todas estas coisas o amor te dará para que

possas conhecer os segredos do teu coração,

e conhecendo-os te tornes parte

do coração da Vida.

Mas se, no teu receio, procurares apenas a paz

e o prazer do amor,

então é melhor que cubras a tua nudez

e saias do chão que o amor pisa,

para o mundo sem estações do ano

onde tu rirás, mas apenas parte do teu riso,

e chorarás, mas apenas parte das tuas lágrimas.

O amor não tem outro desejo senão realizar-se.

Mas se tu amares e necessariamente tiveres desejos,

deixa que sejam estes os teus desejos:

Fundires-te e seres como um ribeiro que corre e que

canta a sua melodia à noite.

Conheceres a dor do excesso de ternura.

Seres ferido pelo teu próprio entendimento do amor;

E sangrares voluntariamente e de bom grado.

Acordares de madrugada com asas no coração

e dares graça por outro dia de amor;

descansares ao meio-dia e pensares no êxtase do amor;

voltares para casa ao anoitecer com gratidão;

e depois adormeceres em prece por quem guardas

no coração com um hino de louvor nos teus lábios.

Kahlil Gibran

(Libano 1883-USA 1931)

Kalhil Gibran
Enviado por Adria Batista em 23/08/2012
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