GEMINUS
 
A vida é mesmo surpreendente,
O que não entendo é como a gente
Pode amar quem não nos ama,
Ter que olvidar um sentimento que inflama.

Há algo de que desconfio,
Mudando o curso deste rio
Que é a vida e seus encantos,
Algo que me fez procurar acalanto.

Reconheci uma alma como a minha,
Percebi logo que tinha
Tantos sonhos e conflitos,
No dialogar, parece-se comigo.

Pensamentos e dúvidas;
Amores e lutas;
Coração fechado,
Saudoso, desencantado.

Filosofias, ciências;
Paixões, penitências;
Sermões, exigências;
Serenidade, paciência.

Não há para onde fugir,
Minha alma parece estar em ti
Ou será que a minha aí está?
Semelhantes demais, não podemos negar.

Percebo que neste impasse,
Não há quem não ache
Que duas almas iguais
Mesmo não sendo rivais,
Não podem enfim, amar-se.

Percebes a minha desconfiança?
Mesmo que do contrário eu tenha esperança,
O que se apresenta até posso dizer
Minha alma gêmea, querido
Você pode ser.

O que há de errado nisso?
Onde é que está o perigo?
Está em não se entender
Que almas gêmeas pouco amigas podem ser.

Podem até amar-se,
Mas a vida em seu enlace,
Escolhe por fim separá-las,
Pois elas fogem sempre das amarras.

Amarras do amor, da amizade,
Podem até sentir da outra saudade,
Mas não podem unir-se por serem iguais.
Como sol e a lua que habitando o mesmo céu
Lado a lado não podem estar jamais.
Liz Rocha Cantora
Enviado por Liz Rocha Cantora em 23/08/2012
Reeditado em 23/08/2012
Código do texto: T3844498
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.