CARAMBOLAS de ARSÊNICO

O machado do anjo-garimpeiro racha até a brasa do cometa

quando o romance levanta a alma das cavernas do sexo,

eu te chamo noite adentro incauto e emboscado

suplicante do amor só por você entregue

Deslizo mares afora minha prancha é do osso das guerras

tudo porque estou bêbado de amor incontido por você

cravicordio facas fecundas das cigarras cosmopolitas

tritão de boina sônica escorrendo echarpes lúdicas

através das emoções multicores do desbravo no centro das suas orgias

somente depravadas em mim, em mim gozadas por você

Toda estrada é igual numa coisa: nunca saber se o destino muda,

você é o meu signo, o pão de chamas que eu devoro

puxando dos sonhos - peixes - riquezas da minha derradeira espada,

é rumo ao combate que eu sigo, abandonado de proteção

recebo a chuva derretendo pelos meus cabelos as cores dos sonhos, pois não tenho abrigo,

mas o melhor de tudo é que plantei no jardim de casa o seu sexo

e me alimento da seiva amada, amada fruta vertendo chamados,

que eu sigo, farejando o sinal da fêmea entre estrelas e marés,

badalo na voz as formas do seu corpo e raios perfumados

fincam macieiras proto-edênicas na curva do olhar,

aonde sóis não passam de pedraria barata

comparados aos metais ecoantes no meu coração da música que é sua

Eu mesmo colho carambolas de arsênico porque os pirulitos de sangue

não satisfazem a fome do leito, quem disse a normalidade

é fato desconhece: criaturas geométricas

desfilam danças espalhando faíscas

e neste sonho epidérmico eu sinto você, embrenhado no cio

escorrido da alma cujo deleite é sair nua da pergunta de pedra

que o meu amor dirige porque é única a atitude que você acende decidindo a Mulher