Sem destino
Hoje eu fiz minha mala e descobri que não vou a lugar algum.
O trem que passava aqui, hoje não passa, assim não vou.
Não tenho pressa porque sair daqui, não vou.
Esperando vou ficar até surgir, a imagem perdida do teu ser.
Tenho pressa é de amargurar o tempo que passa e com ele me passo.
Tenho pressa de sentir o perfume do tempo me de colar o passado.
Tenho pressa de andar ao lado do semblante, que vivo a buscar.
Tenho pressa de não chegar, não ir e não voltar.
Dentro da mala tinha um pouco do teu perfume guardado.
Tinha a impressão de ter visto o retrato meio rasgado do teu amor.
Guardei ali um pedaço do tempo perdido por sua ausência.
Resgatei-me do fundo da tua alma, que tem o aroma do teu brilho.
Guardei meu grito de hoje para escutar amanhã.
Guardei meu sentimento para vive-lo amanhã.
Hoje não vivo, mas sei que amanhã vou viver.
Quando chegar, de onde não fui, a mala abrirei.
E no espelho do tempo, verei a imagem do teu perfume.