Sem destino

Hoje eu fiz minha mala e descobri que não vou a lugar algum.

O trem que passava aqui, hoje não passa, assim não vou.

Não tenho pressa porque sair daqui, não vou.

Esperando vou ficar até surgir, a imagem perdida do teu ser.

Tenho pressa é de amargurar o tempo que passa e com ele me passo.

Tenho pressa de sentir o perfume do tempo me de colar o passado.

Tenho pressa de andar ao lado do semblante, que vivo a buscar.

Tenho pressa de não chegar, não ir e não voltar.

Dentro da mala tinha um pouco do teu perfume guardado.

Tinha a impressão de ter visto o retrato meio rasgado do teu amor.

Guardei ali um pedaço do tempo perdido por sua ausência.

Resgatei-me do fundo da tua alma, que tem o aroma do teu brilho.

Guardei meu grito de hoje para escutar amanhã.

Guardei meu sentimento para vive-lo amanhã.

Hoje não vivo, mas sei que amanhã vou viver.

Quando chegar, de onde não fui, a mala abrirei.

E no espelho do tempo, verei a imagem do teu perfume.

Domingos Richieri
Enviado por Domingos Richieri em 21/08/2012
Código do texto: T3841659
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