Amor de Caixinha
Se fosse possível guardaria o amor em caixinha
Para que sempre que dele sentisse falta
Bastaria desamarrar o laço e abri-la
Acolheria o amor nas mãos, afagando,
Abraçando-o apertado nos braços
Quando a caixinha fosse destampada
Espalhar-se-ia o amor feito pó de arroz
Deixando-o salpicado no corpo
Tatuado na pele
Movimentá-lo-ia no ar a cada piscadela
Um amor espalhado no
Tempo e no espaço.
Seria aspirado em cada poro
Sentido no desfiar de cada cabelo
Como polens, seria levado pelo vento
E cairia em terras
Que circundam os vazios de corações...
Um amor viçoso e com seiva
Que não seria regado com lágrimas
Mas com o molhado de beijo
Um amor agasalhado
Descansado em minha caixinha
No lugar da orquídea que lá se encontra
Deformada e com pétalas secas.