Engavetamentos

De todo amor a ti dedicado

Monstruosamente renegado,

Tens no peito hoje resquícios

De uma lembrança triste

De fotografias amareladas,

Em gavetas empoeiradas esquecidas.

E numa faxina complexa

Afasto para baixo do tapete

Toda poeira que recobre seu rosto

E lembro da rejeição que me destes,

Novamente te volto ao canto seu

Longe de meus olhos,

Longe de minha mente,

Não esquecida, apenas dormente

E o desejo latente

De que sejas então minha

Causa ânimo em minh’alma

Embriaga meu ser,

De tanto te querer...

E no silêncio de meu olhar

Retiro meu silício

E das cicatrizes todas deixadas

Tento ver qual mortificação

Foi a mais cruel...

E naquela velha gaveta empoeirada

Te deixo guardada...