Só se for a Dois
No fim daqueles dias longos
Em que tudo parece meio morno
Como intermináveis outonos
Em que se nos descuidarmos
Podemos até esquecermos quem somos
Preocupados com o zumbido dos pernilongos
Quando você mais precisar hei de te garantir um porto
Esconda-se em meu colo que te protejo em meus braços
Te abrigo dos trovões, da chuva, das sombras, te livro do cansaço
Acomode-se como bem quiser, com a demora dos gatos
E então em um enlaço, como criança com sono
Irei te fazer cafuné e beijar seus olhos
Sonhando acordado, velarei teus sonhos
E vou te permitir o descanso merecido
Enquanto leio algum poema bonito
E sorrir sem explicação, sem sentido
E achar romantismo até nos poetas malditos
E te acordar com o despertador da saudade
Como se me custasse acreditar na verdade
O que sinto é simplesmente felicidade
E como um louco, achar-nos razoável
E surpreender a todos, a nós mesmos
Com uma alegria sem segredos, mas inexplicável