AS TRES IRMÃS

Vem vindo uma enorme montanha em minha direção,

Atravessando meu sonho como uma companhia agradável,

Trazendo uma brisa suave como um carinho no rosto.

Ela para abaixando-se para que eu suba em suas pedras,

Eu não subo porque sei que ali pode estar o meu descanso

E eu não posso descansar ainda.

Preciso evitar que o “horrível homem das montanhas”

Apareça de dentro de mim e tome meu corpo definitivamente

E se cumpra o que escrevi, já nem sei quando,

E a poesia viaje por toda parte, em todos os lugares onde lembrarem de mim.

Preciso resgatar dos olhos das meninas o amor que tudo entende e transforma,

Para que eu não seja uma simples lembrança dentro de uma tarde quieta.

O “horrível” é alguém que busca a paz para vivê-la para sempre,

Por isso não posso subir a montanha agora, viver “para sempre” é para depois,

Para quando as estrelas estiverem alinhadas em uma mesma órbita poética.

Ante a minha resistência em subir, a montanha lança suas árvores sobre minha cabeça,

Atira grama no meu peito e finge guardar um feroz vulcão,

Pronto para explodir e derramar fogo sob meus pés.

Acredito que havia um pouco de ciúme naquela atitude

Não senti medo e fui tomado por uma enorme confiança.

Diante disso a montanha mudou e começou a chover fino

Chuva de inverno deixaram-na mais verde e menos azul

Das pedras desciam fartas cachoeiras embelezando o espelho dos lagos.

Minhas pernas pareciam querer correr e subir a montanha,

Senti a leveza no meu corpo que parecia flutuar pelo cenário.

Fechei os olhos e a respiração fluía como um mantra

Trazendo equilíbrio e força.

A montanha então, saiu do meu sonho,

Deixando comigo o controle sobre os fatos que tenho vivido.

O “horrível homem das montanhas”, antes de partir, apertou minha mão,

E se despediu escrevendo: “Lembro-me de uma madrugada em que voltava do trabalho, de dentro do ônibus acompanhava uma estrela muito brilhante que parecia estar me conduzindo para casa. Imaginei que ali, naquela estrela, brincava alguém que resolvi chamar de anjo. Senti que o anjo pulava as nuvens chamando a minha atenção. Algum tempo mais tarde nasceram Amanda, Beatriz e Júlia. Os anjos daquela madrugada. E pude sentir o que é o AMOR”

Ricardo Mezavila
Enviado por Ricardo Mezavila em 17/08/2012
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