Na Bienal

O homem de meia-idade

segura a mão da mulher

cuja beleza, idade não tem.

Passa entre os dez dedos

um cúmplice amor

que se adivinha renovado

na maturidade que lhe prolonga

a juventude dos desejos.

Invejo-lhes o amor seguro.

A calma de se saber querido.

E a plena certeza de querer,

expressa na carícia que não se nega.

Invejo-lhes o amor estável, amigo,

sem pressa.

Juntos, passeiam livros,

escolhem palavras

e riem versos.

Logo seguirão para o restaurante,

onde eu jantarei o bife sozinho

dessas noites na grande cidade vazia.

Amanhã estarão juntos

e seguirão caminhos iguais.

Eu voltarei para a multidão

e tentarei fazer um poema

para o homem e para a mulher

do maduro amor de meia-idade.

Talvez eu consiga cantar

o quanto lhes invejei.

Digitado por Taisinha.