Rosa, Vinho e Corvo (Dedicado a Marisa Cortês)

Breve vida teve a virgem flor,

Que enlevas ao peito juvenil

A rosa este delicado penhor

Das lágrimas d’um céu anil

Desbotou-a em longo serão

Com o rubor da inocência,

Orvalhando o pequeno botão

Na tua lágrima de clemência

Porém o inebrio vinho bafejava

Pelo teu hálito fresco,

E o álcool vagaroso evaporava

No teu sorrir arabesco

Arde-lhe a fronte assim corada,

Que ferve no santo amor,

Vagando por entre o leito pelada

Pela leveza do breve rubor

Mas o corvo viera ao parapeito

Para ungir-te um canto,

Quando foi deitar-se no leito

A noite foi o seu manto

Ave negra que fazes aqui?

Proferindo teu maligno agouro

Em sua torpeza negra sorri

-Levarei da vida este teu tesouro!

opoetakurita
Enviado por opoetakurita em 15/08/2012
Código do texto: T3831061
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