Réu confesso
Confesso-te
Que vez em quando
Lembro
Em demasia
do nosso excesso
de amor...
confesso
também que por outro lado
esqueço-te
como se a primazia
nunca tivesse acontecido
entre nós dois
como se esse clima de horror
fosse o clima vigente
depois do tanta doçura...
depois de tanto calor
confesso
também que por outro lado
esqueço-te
como se a fantasia
jamais tivesse nos concebido
tamanho esplendor
entre nossas almas
que por instinto
ainda querem
e clamam
por este sabor
confesso-te
que vez em quando
vejo nas ruas
as pernas tuas
e sorrio vadio
sozinho sem explicação
confesso
também que vou vivendo muito bem
sem teus desvarios
adereços e alegorias
e que até esqueço
que minha felicidade
já teve em seu endereço
a mais doce moradia...
e que até esqueço
que um dia já fui preso
já cometi loucuras
para viver contigo
muitas alegrias...