Cadáver de Poeta

Quando suspirar em mim a fibra

Da vida pelo seu estalo gemente,

Desbote na lira a nota que vibra

Na minha alma morta e dormente

Que a terra já não pese em mim,

Quando cerrar-se a campa fria,

É o meu sonho que deito assim,

Da desgraça minha eu se ria!

Passei por estas noites insones,

Uivando nas trevas as cantilenas,

Dando-lhe nos crânios os nomes,

Destes meus imortais poemas!

Apenas um cadáver serei então

Amortalhado no véu da palidez

De decúbito dentro do caixão

Lânguido pela cadavérica rigidez!

Meus olhos serão embaçados

Pela lamúria e tristes lamentos,

Dos romances que enamorados

Sonhei-os em tantos momentos!

Declame ao poeta uma poesia,

Da virgem amada e seus amores,

Usurpando no véu toda fantasia

Do existir pelos tétricos horrores!

opoetakurita
Enviado por opoetakurita em 14/08/2012
Código do texto: T3829231
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