Á amada

Oh! Minha dulcíssima amada!
Fazes da minha noite um casulo de insônia
Ao saber, que na cama, tão bem arrumada
Repousa teu corpo casto, tão pueril, entre perfumes e colônias

Entre penas, tintas e abandonos
Á luz tênue do abajur que me acompanha
Em formas frustradas, tento te contornar, em formas e sonos
Surro papéis, dilacero miolos, me encontro em manhas

Meras tentativas! Meus esdrúxulos!
Foges na alva por montanhas e outeiros
Deixando-me sem noite, sem céu, sem crepúsculo
Como corsa arredia, embrenhando-te por verdes, azuis e cinzeiros

Um nobre estampido esse arranhão
A porcelana do teu rosto moldada em grafites
Despertá-la, a beleza recôndita do teu contexto em clarão
Ainda sou papel... informe, até que me conquistes

Talvez o meu nome em teus lábios,
Em teus lábios ora limpos, ora rebeldes em contramãos
Me endoidecem, me endoidecem como a demora aos sábios
Sem escritas, sem pincéis, de forma crua, escultural, sem solução

Cuspo para longe a nicotina
Abalada e totalmente enterrada em amarelo
Nos meus dentes salientes e nos cílios de febril retina
E na ampulheta que derrama as areias de um castelo

Onde molharei a minha pena?
Nas lágrimas de sangue que saúdam o meu rosto,
Ou em águas límpidas de sorrisos irônicos que encenas
Á fazer de versos pérolas ou vinho tinto, rubro e de amargo mosto...








 

Allves
Enviado por Allves em 12/08/2012
Reeditado em 24/08/2012
Código do texto: T3827369
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