ROSA NEGRA

Avessos sonhos de luzes disformes

Dentro deles pra se morar não há preços

Vivo a vaga dos lampejos

Deslizando como uma rosa negra que na terra dorme

Estou dentro desta bolha de seda

Onde a folha da tristeza daninha não entra

Tem cheiro de menta

Suores noturnos orvalhos tépidos sutileza

Esquenta minha cama

Cheiro de comidinha quente

Pétalas que recolho feitas de veludo

Da plantada semente me desgrudo

Teus cílios ardentes

Olhos de polens inocentes

De firmamento lúgubre

Que voam indecentes de teus úberes

Vão se rimando nossas formas

De repente mente tua pelo meu lençol de voal

Plangente o soro me cai dos olhos teus

Presente do além tua boca me acalma

Sinto o peregrinar de tua alma

Tua cúpula no meu eu episcopal

Sem você acordo da bolha

Ajoelho-me rosa negra do teu ser penitente

Neste instante me foges da mente

E foges de mim pelas esquinas

Que o vento sussurra silentemente

Em finas teias de aranha milhares de luzidios pomos

Teus doces cristais brilham em sonoros estribilhos

Como uma cabeceira que juntos sonhamos

Mas nos esquecemos de que a felicidade é um trem sem trilhos.

Jasper Carvalho
Enviado por Jasper Carvalho em 11/08/2012
Código do texto: T3824362
Classificação de conteúdo: seguro