ROSA NEGRA
Avessos sonhos de luzes disformes
Dentro deles pra se morar não há preços
Vivo a vaga dos lampejos
Deslizando como uma rosa negra que na terra dorme
Estou dentro desta bolha de seda
Onde a folha da tristeza daninha não entra
Tem cheiro de menta
Suores noturnos orvalhos tépidos sutileza
Esquenta minha cama
Cheiro de comidinha quente
Pétalas que recolho feitas de veludo
Da plantada semente me desgrudo
Teus cílios ardentes
Olhos de polens inocentes
De firmamento lúgubre
Que voam indecentes de teus úberes
Vão se rimando nossas formas
De repente mente tua pelo meu lençol de voal
Plangente o soro me cai dos olhos teus
Presente do além tua boca me acalma
Sinto o peregrinar de tua alma
Tua cúpula no meu eu episcopal
Sem você acordo da bolha
Ajoelho-me rosa negra do teu ser penitente
Neste instante me foges da mente
E foges de mim pelas esquinas
Que o vento sussurra silentemente
Em finas teias de aranha milhares de luzidios pomos
Teus doces cristais brilham em sonoros estribilhos
Como uma cabeceira que juntos sonhamos
Mas nos esquecemos de que a felicidade é um trem sem trilhos.