DELÍRIOS DELICIOSOS

Guilhotina não é brinquedo

de cortar queijo ou papel

ninguém sabe mas foi dada

a ordem de disparo dos canhões

há um decreto nas praças:

celebrem-se as núpcias

de qualquer jeito

em outra vida supõe-se

sentido e firmeza,

marteladas e carimbos

vários os nomes do caos,

procura-se estender na canção a poesia

de cartola na monocleta,

de olhos marejados

o horizonte é mais belo

aonde gorjeia o amor

o vale é profundo

profundo o mistério

Aonde o violão desalinha o lamento

o sorriso traça o verso,

e o luar canta pelo vento

coisas que não se sabe um terço,

delírios deliciosos

porque o céu é de manjar,

escândalos anunciando encontrados ossos

assim há motivo de viajar

sem demora,

do lado de fora

há demônios esquecidos

aguardando filosofias de falsos ritos,

modernamente Bucéfalo é o monarca

distribuindo culpa a quem arca

porque existe fome e amor amor e fome

a luta é para ser quem come,

só admite pedir que não suma

a quem se entrega o amor independente da bruma