Um dia de amar-te deixo

Ai de vós que se calaste!

Fazendo breu de minha aurora.

Ai de mim se me encontrares

Flertando com outra senhora

De ti nada recebo em troca

Do amor que lhe dou fiel

Apenas mentiras e lorotas

Que nem passo para o papel

Usa- me como escravo

Companhia quando queres ter

Sem notar-me ao teu lado

Carrega-me de braços dados

Usurpando-se do meu viver

Não sei ao certo porque deixo

Que faça o que queres de mim

Talvez seja puro medo

De perde-la e neste enredo

Aceito viver assim

Pois de que valeria a vida

Sem estar preso em teu jogo

Tal que na tua ausência

Meu coração vai à falência

E de só, eu quase morro.

Vou vivendo assim inerte

Seguindo os rastros do teu desejo

Porque nos teus olhos vejo

Que um dia cederás

E ai de vós se não cederes

Um dia a paciência acaba

E mostrar-te-ei enganada

Quanta à minha submissão

Quando menos esperares

Elevar-te-ei aos mais altos altares

E de súbito a farei despencar.