Metade

Que a força do medo

que tenho

Não me impeça de ver o

que anseio

Que a morte de tudo

em que acredito

Não me tape os ouvidos

e a boca

Porque metade de mim

é o que eu grito

Mas a outra metade é

silêncio.

Que a música que ouço

ao longe

Seja linda ainda que

tristeza

Que a mulher que eu

amo seja pra sempre

amada

Mesmo que distante

Porque metade de mim

é partida

Mas a outra metade é

saudade.

Que as palavras que eu

falo

Não sejam ouvidas

como prece e nem

repetidas com fervor

Apenas respeitadas

Como a única coisa que

resta a um homem

inundado de

sentimentos

Porque metade de mim

é o que ouço

Mas a outra metade é o

que calo.

Que essa minha

vontade de ir embora

Se transforme na calma

e na paz que eu mereço

Que essa tensão que

me corrói por dentro

Seja um dia

recompensada

Porque metade de mim

é o que eu penso mas a

outra metade é um

vulcão.

Que o medo da solidão

se afaste, e que o

convívio comigo mesmo

se torne ao menos

suportável.

Que o espelho reflita em

meu rosto um doce

sorriso

Que eu me lembro ter

dado na infância

Por que metade de mim

é a lembrança do que fui

A outra metade eu não

sei.

Que não seja preciso

mais do que uma

simples alegria

Pra me fazer aquietar o

espírito

E que o teu silêncio me

fale cada vez mais

Porque metade de mim

é abrigo

Mas a outra metade é

cansaço.

Que a arte nos aponte

uma resposta

Mesmo que ela não

saiba

E que ninguém a tente

complicar

Porque é preciso

simplicidade pra fazê-la

florescer

Porque metade de mim

é platéia

E a outra metade é

canção.

E que a minha loucura

seja perdoada

Porque metade de mim

é amor

E a outra metade

também.

Oswaldo Montenegro
Enviado por Wellison Pontes em 06/08/2012
Código do texto: T3817050
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