LONGÍNQUAS REMINICÊNCIAS

Encontrei em uma estante de livros folhas

soltas contendo em todas elas manuscritos e,

pelo aspecto e a tonalidade amarelada aparentavam

serem bem velhas, a maior parte exibia rasgaduras

e sobre as mesmas muita poeira.

Manuseando encontrei linhas escritas quase

sem nexo, incluindo maneiras com alquebrada

compostura e anunciação de pensamentos

oferecendo a noção de uma história.

Páginas e mais páginas contendo gráficos

disformes que reunidos representavam

quem sabe, a existência de quem escreveu.

Tive a impressão à medida que foi

possível interpretar, que as próprias palavras

tentavam revelar-se ao leitor que entendesse

que a narrativa avizinhava-se às raias do epílogo.

Finalmente concluí a leitura dramática,

só então foi que despertei de um breve

sonho ao inteirar-me que eu fui o autor,

pois na última página ali constava meu nome.

Para dissipar possíveis mal-entendidos, essas

folhas nunca foram esquecidas, elas permaneceram onde

foram colocadas por décadas e não compulsadas, para que

não fossem revividos capítulos de um amor que morreu.

Na verdade, os responsáveis foram os figurantes inscritos

naquelas folhas - eu e ela - que por razões conscientes, asfixiamos

um sentimento majestoso, um sentimento que tinha tudo

para ser eternamente incessante.

Wil
Enviado por Wil em 31/07/2012
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