RÉ-POSSUÍDA
Tiraste-me
de dentro da incógnita
que meu Ser habitava
sem direito a alforria.
Devolveste-me
a ventura
de contemplar o sol
nessa hora tardia.
Deitaste-me
na relva fresca dos teus braços,
sublinhastes
meu ventre com tua língua de fogo,
Acalentastes
meu sonho, para que ele não acordasse,
e lavastes a minha fronte com água fresca e pura,
tentando que eu voltasse a viver
numa suave candura.
Fui possuída pelos teus desejos
e agora me entrego de joelhos,
sentindo esse delírio suave
envolver-me nas voragens
Da volúpia dos teus beijos.
Estás como o verdugo do tempo,
montado na garupa do vento
empunhando o teu troféu...
Ante a ti está
meu coração que se curva
pra redimir o que purga
nessa viagem ao céu.