Tempo de Solidão
Vejo o tempo passar por mim,
Implacável, em seu caminhar,
Deixando, sem se importar,
Suas marcas que, pouco a pouco,
Mais e mais se aprofundam...
E eu fico a pensar...
Por que meu coração
Teima em permanecer
Jovem, irrequieto,
Indiferente ao tempo...?
Se me olho no espelho,
Vejo a sua passagem,
Mas, bem dentro de mim,
É como se ele tivesse parado
No esplendor da primavera,
Ou no calor gostoso do verão...
Mas, muitas vezes, também,
Na solidão da minha intimidade,
Sinto que o inverno não tarda
Com seu frio enregelante...
Estremeço na base, procuro nele não pensar,
Porque me deprime a alma
E me lembra que estarei só,
Quando ele se aproximar...
Mas, como eu gostaria que estivesses
Juntinho ao meu coração...!
E que os nossos corpos cansados,
Tivessem um ao outro para aquecer,
Nos últimos invernos que virão...
Maceió / 1985.